Como um dos gestos concretos da Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema é "Fraternidade e superação da violência", passamos a publicar alguns artigos do Capitão PM Rafael Cambuí.
Estes artigos visam trazer mensagens de esperança e dicas para que possamos ajudar na superação da violência, sendo que estes, são de responsabilidade do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Igreja.
Como cidadãos, devemos ser protagonistas da Paz, à exemplo de Cristo!
Coitadinhos
Outro dia desses estava lendo uma matéria onde uma pedagoga debatia o comportamento dos pais diante das dificuldades causadas pelos filhos na escola. A pedagoga lembrava que antigamente quando a criança cometia alguma conduta inadequada, era comum a professora escrever um bilhete, convocando os pais para uma reunião. Geralmente os pais compareciam, identificavam o problema e junto com a escola procuravam uma solução, fato que proporcionava ao jovem a possibilidade de correção de atitudes e evolução.
Atualmente quando os pais recebem bilhetes da escola noticiando condutas inadequadas de seus filhos, comparecem à escola para dizer que seus filhos são perfeitos e que a escola deve rever seus conceitos. Garantem que seus filhos nunca erram e que se alguma falha existiu foi provocada pela escola.
Essa conduta, além de não permitir a correta detecção de falhas, faz com que o jovem não conheça limites e não experimente as consequências de atos inadequados que tenham sido por ele praticados.
Quando esta situação se passa na escola, podemos entender, em uma superficial análise, que esses problemas não irão refletir na nossa sociedade, todavia essa falha nos primeiros passos de um cidadão certamente irão refletir em sua vida adulta.
Ao ler a matéria da pedagoga lembrei de um casal de meia idade que me procurou outro dia tentando esclarecer que seu filho de 20 anos teria sido preso por conduzir veículo sob a influência de álcool. Ao invés de tentar corrigir o erro do filho, o casal tentava desmerecer a operação policial, alegando que o jovem tinha tomado apenas algumas cervejas e que ele tinha condições de dirigir. Esquecem os pais que a lei restringe a quase zero a quantidade de álcool no sangue. Esquecem também que no ano passado, tivemos mais pessoas mortas em Paulínia vítimas de acidentes de trânsito do que de mortes violentas.
Provavelmente esses amorosos pais quando receberam bilhetes da professora de seu filho, ao invés de escutá-la e procurar em conjunto melhorar as condutas de seu filho, promovendo sua evolução, preferiram ignorar a professora e talvez até mudar o jovem de escola. Hoje assistem um filho imaturo que comete crime. Eles ao invés de auxiliá-lo a corrigir suas atitudes, continuam a acreditar que poderão mudar o mundo para favorecer seu filho ao invés de mudar seu filho para se adequar as regras de sobrevivência em sociedade.
Esse ato que inicialmente pode ser interpretado como ato de amor, demonstra-se na verdade um ato de proteção inadequada que prejudica o próprio filho e toda a sociedade.
Devemos orientar nossos filhos a sempre cumprir as regras. Começamos no convívio escolar, onde temos nosso primeiro contato social. As falhas não corrigidas no tempo certo podem provocar falhas no futuro onde o direito penal passa a impor sanções pelas condutas inadequadas.
Ao invés de tratar seus filhos como “coitadinhos” e tentar mudar o mundo para protege-los, procure preparar seus filhos para os desafios da vida, de modo que mesmo quando você não estiver mais aqui, eles possam ser cidadãos honrados e promoverem uma sociedade mais justa e perfeita.
Como sempre digo, a Segurança Pública é dever do Estado, mas responsabilidade de todos! Ajude a Polícia a cumprir suas missões, com as medidas que você pode adotar.
Lembre-se sempre: Cidadão atento é cidadão seguro!
Rafael Cambuí
Capitão de Polícia
Comandante da Polícia Militar do 8 BPM/I e membro permanente da Associação Internacional dos Chefes de Polícia com sede nos EUA.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a opinião da Igreja.